EU SOU “O VELOCISTA”

Acabo de re-lembrar, era malandro desde pequeno. Minhas artimanhas de LIGEIRICES para ficar bem na foto, vem desde os primórdios de minha existência. Nos estou me gabando até creio que pode ser um desvio de personalidade, aqueles desvios mínimos, mas confesso que não me arrependo, o único problema é: e se meu chefe lê este blog? Estou em maus bucados quanto a interpretação dele. Mas não dá nada não, hoje sou um cara mudado renovado e longe de malandragens e afins.

Recordei de um fato que me trouxe a tona novamente este tema, vou descrevê-lo de forma romântica para que todos não só me critiquem dizendo: - Que malandro! Mas também digam: - Que texto bom! "so ligero mané"

Era 15 de fevereiro de um 1900 e qualquer coisa, devia estar com meus 09 anos de idade, neste tempo eu pertencia a segunda divisão da rua, os meninos mais velhos não gostavam de brincar conosco, então criamos o segundo pelotão, pra fazer frente a eles, infelizmente sempre apanhávamos. Esse dia os procopenses sabem de cor e salteado (eu tento acreditar) que é aniversário de nossa grande cidade e pra fazermos frente com São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro também fazemos uma maratona, isso tudo para a mídia ver que não perdemos e nada para estas cidades e naquele ano era estréia da prova QUINZINHA só para as crianças, reuni minha máfia da infância, nós que um dia iríamos conquistar Marte resolvemos então disputar esta corrida e lógico sermos campeões e figurar na história de Cornélio Procópio.

Pois bem neste dia havia treinado, minha alimentação fora preparado como de um campeão, meu pai fez o sempre famoso e eterno (ele deve comer umas três vezes por semana até hoje) seu prato arroz com abobrinha, GOELA abaixo estava satisfeito e pronto para o desafio universal de minha infância. Me preparei peguei meu chinelo de dedo, na época havaiana era apenas uma havaiana qualquer e fomos disputar a corrida, a expectativa era grande, havia treinado, correndo de cachorro, apagando as energias dos vizinhos e saia correndo feio o THE FLASH eu me achava pronto, certo da vitória.

Mas para a minha decepção eu esqueci de um detalhe único, esqueci dos quenianos de Cornélio Procópio, ou pior, a mulecada da vilinha (uma favela que existe lá), eles não perdiam pra ninguém eram muito rápidos, aliás perdiam pra um só, perdiam pro sidney do abrigo, meu Deus dava 10 horas da noite e aparecesse uma KOMBI BRANCA era ele pegando as crianças, não ficava um na rua, eu tinha O MEDO dele, e ele com as crianças da vilinha era aquela guerra, bom isso é uma outra história. Resultado, nem entre os 50 eu fiquei. Aqueles MULEQUES comemorando a vitória e eu de canto. O que iria dizer pro meu pai? Pra minha mãe? E minha fama na rua? Estaria abalada? Minha infância estaria próxima de fim eu teria que crescer e sofrer com a humilhação de ser um perdedor. Que mundo cruel e agora?

Eis que surge uma luz no fim do túnel, uma esperança minha minha derrota, lembro-me que o organizador da prova é meu professor de futsal e...

- Professor treinei dois meses para essa corrida e não consegui nada

- Mas não chore o que importa é participar

- Eu choro sim, prometi pra minha mãe uma medalha e não vou levar nada

- Calma ano que vem terá de novo

- Não quero nunca mais participar eu sempre vou perder para esses meninos ai

- Então vamos combinar um trato, mas você tem que parar de chorar ok?

- Combinado professor

- Vou te dar uma medalha de nono colocado pode ser?

- Lógico que sim, obrigado professor, você é o cara mais legal do mundo

 

Horas depois eu chego gritando em casa, mas gritando mesmo

 

PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI eu ganhei, ganhei, sou bom, sou o cara mais rápido do mundo!